
por: Joana
Gorjão Henriques
17. Março.2017
Dados de
2016 confirmam tendência dos últimos anos de desaparecimento de menores: 73 em
quatro anos. Conselho Português para os Refugiados não vê motivo para alarme.
Grupo de peritos em tráfico de pessoas do Conselho da Europa preocupado.
Foto: Maioria dos menores vítimas de tráfico são da Nigéria e de Angola
Enric
Vives-Rubio
No ano passado, a Casa de Acolhimento para Crianças
Refugiadas (CACR), em Lisboa, perdeu o rasto a 15 menores com idades entre os
15 e os 17 anos, que saíram das instalações e não voltaram. Um dos menores
não-acompanhados e à procura de asilo apresentou sinais "subjectivos"
de que teria sido vítima de tráfico de seres humanos. Originários de países da
África ocidental, abandonaram as instalações poucos dias depois de terem
chegado.
Uma única jovem foi identificada como vítima de
tráfico de seres humanos: foi sinalizada por causa da rota até à chegada (vinha
da Nigéria), e por ter mostrado comportamentos de isolamento, o que costuma
indicar que não tem planos para continuar no país, e de não querer participar
nas actividades, disse ao PÚBLICO Dora Estoura, coordenadora da CACR. Em 2016,
o CACR acolheu 54 menores.
Os desaparecimentos são "naturalmente uma fonte
de preocupação", mas "é um traço comum a esta população a nível
europeu", disse a coordenadora. "Há que não criar alarmismos." O
CACR é um espaço livre e as saídas sem regresso são frequentes, como mostram
dados de anos anteriores, que somam um total de 73 desaparecimentos: em 2015,
por exemplo, saíram sem explicação 29 menores, entre um total de 66 que estavam
acolhidos; em 2014 o número foi mais baixo, 13 desapareceram, entre 38
acolhidos, e em 2013 saíram 16, entre um total de 85. "Há coisas que nos
ultrapassam, nomeadamente a vontade dos mesmos não quererem ficar em
Portugal", comenta Dora Estoura. É possível que muitos queiram ir para
outros países. "Procuramos informar dos direitos e deveres à chegada, que
a protecção em Portugal não é válida nos outros países, que há riscos."
Os
desaparecimentos são comunicados às entidades competentes, como Tribunal de
Menores e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e, no caso de suspeita de
tráfico, contactam o Observatório de Tráfico de Seres Humanos.
(…)
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